segunda-feira, 16 de abril de 2018

A Rosa e o Rato ou o "Triplex do Lula"?



Por Laurenice Noleto
Nós, jornalistas, principalmente os sindicalistas, somos incansáveis lutadores da liberdade de expressão, pelo fim do monopólio da comunicação e/ou pela Regulação da Mídia. Em todos os congressos da categoria nas três ou quatro últimas décadas, em centenas de teses de mestrados e doutorados; livros e outros estudos este tema é tratado.
Tornou-se um jargão até popular falar da importância da "Liberdade da Imprensa", da "Liberdade de Expressão"- a maioria não sabendo sequer diferenciar uma da outra - e, nos setores à esquerda, pedir o "fim do monopólio - ou do oligopólio - da comunicação no Brasil.
Muitas vezes já fui convidada a fazer palestras em faculdades, ocupações de colégio e de sem tetos e auditórios de diferentes categorias profissionais, sobre temas ligados à comunicação e a democracia: "A mulher na imprensa"; "A imprensa e o Golpe Civil-Militar de 1964"; "A imprensa na Ditadura" etc.
Mas, confesso, é sempre muito difícil falar com uma linguagem bem popular sobre o que é o monopólio da comunicação e os seus riscos para uma democracia. Eu costumo ilustrar minhas palestras com aquela história descrita pelo grande mestre do Jornalismo brasileiro, Perseu Abramo, que conta que pode-se mostrar uma rosa para um povo e dizer-lhe que aquilo não é uma rosa, mas um rato. E, repetir isso todo dia, várias vezes, por vários meses ou anos. Ao final, se você jogar uma rosa no chão e gritar: "Mate-o! Isto é um rato! A multidão, enfurecida e odiando a flor, a esmagará sob os seus pés, pensando estar matando um rato.
No entanto, hoje, uma verdadeira e maravilhosa aula está sendo proferida aqui mesmo no Facebock, apenas com uma postagem, sobre a cobertura que a imprensa tradicional vem fazendo sobre a ocupação do "Triplex do Lula", em Guaruja, pelo MTST. Todas as manchetes dos diferentes veículos trazem a mesma palavra "ATRIBUÍDO"!
Antes, o triplex era "DO LULA", mesmo! Não se ouvia ou dava a palavra para nenhuma opinião contraditória. Nenhuma vez. Falaram e escreveram isso centenas ou mesmo milhares de vezes, todos os dias, por anos.
Assim, usando as mesmas palavras e a um só tempo - com ar de seriedade ou de deboche, como convém a cada caso e a cada hora - a imprensa brasileira - concentrada nas mãos de apenas seis famílias (oligopólio) - vai fazendo, subliminarmente, a cabeça dos seus leitores e conduzindo toda a nação de acordo com os seus interesses, próprios ou vendidos a terceiros (lê-se, aqui, o capitalismo internacional).
Ontem, me chamava a atenção, nos noticiários da televisão, todas as inserções de comentários jornalísticos sobre o bombardeio à Síria serem ditas, sempre, não importava quem, com o uso de uma mesma palavra "REGIME", ao invés de GOVERNO da Síria.
E hoje, não se falava mais em Lula, de jeito nenhum. Muito menos no "Triplex do Lula". Afinal, ele já está preso, acusado de receber aquele triplex como propina. Hoje, depois que "O Povo Sem Medo",do MTST, fez a ocupação do imóvel "atribuído" ao Lula, ninguém mais quer ficar com a responsabilidade da falsa acusação! E, como se fossem integrantes de um coral, regido por um só maestro, todos gritam juntos, a uma só voz:
"O TRIPLEX ATRIBUIDO AO LULA"!